Filosofia na Ufologia

Analogias entre a Filosofia e a Ufologia são evidentes, seja na visão do bom senso ou do senso comum. Para o senso comum, a Filosofia nada tem a dizer e carece de utilidade prática, e a Ufologia é a ciência dos devaneios, dos que buscam o inimaginável. O desprezo do senso comum por estas ciências apresenta-se como instinto vital em alguns, ignorado de si mesmo, odeia a busca da verdade, se contentando com o óbvio.
Os inimigos da Filosofia são os mesmos da Ufologia, a maioria dos quais não têm consciência dessa condição. Os convencionalismos, o hábito de considerar o bem-estar material como condição suficiente de vida, o hábito de só apreciar a ciência em função de sua utilidade prática, o fanatismo das ideologias, a alienação proporcionada pelas igrejas, tudo isso proclama o senso comum.
Na perspectiva do bom senso, a citação da filósofa Marilena Chauí é brilhante: “Se abandonar à ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes”. Para o bom senso, a Ufologia, como uma ciência que aspira às verdades é vislumbrada de maneira respeitosa; estudar eventos de origem extraterrestre requer extrema capacidade de raciocínio e questionamento das aparências. Nunca seremos capazes de saber como as coisas são na realidade. Só podemos saber como elas se mostram a nós.
Avalia-se assim que o senso comum é um conhecimento adquirido pela tradição, que carece de indagação. “O senso comum precisa ser transformado em bom senso, este compreendido como a elaboração coerente do saber como resultado das intenções conscientes dos indivíduos livres”. Segundo o filósofo italiano Gramsci, “o bom senso é o núcleo sadio do senso comum”.
A Ufologia é uma ciência que tem como preceito de estudo as atividades de entidades alienígenas na Terra. Ela analisa um tema bastante delicado em todos aspectos da vida humana, focalizar atenções a um tema considerado de alto segredo por todos Estados Mundiais é arriscado. Ufólogos se deparam com inúmeras bravatas, ameaças de morte e fatos obscuros; alimentando ainda mais à vontade de se ter conhecimento da realidade. Quem se dedica ao estudo da Ufologia deve, antes de tudo, desde que queira se manter saudável mentalmente, agir com naturalidade em investigações científicas ufológicas; a qualidade dos casos que fogem ao senso comum é inebriante, deve-se estar preparado para avaliar a vida nesse tão vasto e esfuziante Universo.
Nós terráqueos somos, verdadeiramente, poeira estelar; não é de simples compreensão está afirmação, no entanto, pela análise da formação do nosso Sistema Solar esse fato torna-se evidente. Vivemos, todos nós, em um planeta localizado na galáxia Via Láctea, e a galáxia mais próxima de nós é a nebulosa de Andrômeda, situada a 2 milhões de anos-luz de nossa galáxia, o que significa dizer que a luz proveniente desta galáxia leva 2 milhões de anos para chegar até nós. Significa também dizer que quando vemos a nebulosa de Andrômeda lá no céu, na verdade estamos vendo o passado de Andrômeda, isto é, estamos vendo Andrômeda tal como ela era há 2 milhões de anos. Olhar para o céu é se defrontar com o passado. Por exemplo, quando olhamos para o nosso Sol, não estamos observando tal como ele é naquele exato momento, estamos vendo-o como ele era 8 minutos atrás, pois ele está situado a uma distância de 8 minutos-luz da Terra. E não resta outra saída. Nunca saberemos como o Universo está agora. Quando olhamos para uma estrela lá no céu, a milhares de anos-luz da Terra, na verdade estamos vendo um passado de milhares de anos na história do universo. Mais uma vez observa-se que nunca seremos capazes de saber como as coisas são na realidade. Só podemos saber como elas se mostram a nós.
A Filosofia e Ufologia têm como essência a busca da verdade. Para os escolásticos, filósofos medievais, “a verdade é a adequação do nosso pensamento as coisas”, mas essa definição de verdade é verdadeira? Para Descartes, o critério da verdade é a evidência, e evidente é toda idéia clara e distinta. Para Nietzsche, “é verdadeiro tudo o que contribui para fomentar a vida da espécie e falso tudo o que é obstáculo ao seu desenvolvimento”. Não sou filósofo, mas para mim a verdade não é como Nietzsche a convém, acredito que a verdade não se pode definir por o que é transitório ou o que é imutável, quanto menos que a verdade se adeque ao que quero que seja; para mim  a verdade está em conflito perpétuo, à verdade não é a exclusão da mentira, mas a mentira é a exclusão da verdade.
Pascoal, filósofo, trata sobre o desejo do verdadeiro nesta menção:
“O homem é apenas um caniço, o mais fraco da Natureza; mas é um caniço pensante.
Não é preciso que o Universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água são suficientes para matá-lo.
Mas, mesmo que o Universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo que o mata, porque ele sabe que morre e conhece a vantagem do Universo sobre ele; mas disso o Universo nada sabe.
Toda nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que nos devemos elevar e não do espaço e do tempo, que não saberíamos onde ocupar”.
Para Marilena Chauí, “o espanto e a admiração, assim como antes a dúvida e a perplexidade, nos fazem querer o que não sabíamos, nos fazem querer sair do estado de insegurança e criam o desejo de superar a incerteza. Quando isso acontece, estamos na disposição de espírito chamado busca da verdade!”.
Nesta busca da verdade, nos deparamos com o ceticismo de alguns incrédulos. Uma citação importante para definir o ceticismo foi proferida pelo sofista Górgia: “Nada existe. Mesmo se existisse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la; concedido que algo existe e que o podemos conhecer, não o podemos comunicar aos outros”. Céticos radicais como esse impedem o desenvolvimento de pensamentos realistas, para eles a certeza é impossível e possuem indiferença absoluta em relação a tudo.
Filósofos pré-socráticos procuravam o imutável na verdade, a palavra utilizada pelos gregos para definir o que é imortal no Universo é physis (natureza). Physis pode ser entendida como o que não é transitório. Heráclito (540 a.C – 470 a.C), um pré-socrático, acreditava que nada há de ser permanente no Universo, tudo muda; em uma singela frase explanou seu pensamento: “Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio porque suas águas não são as mesmas e nós não somos os mesmos”.
Sócrates (470 a.C - 399 a.C.), o sábio filósofo ateniense, uma autoridade intelectual sem precedentes, afirmava que mais inteligente é aquele que sabe que não sabe, ou seja, é necessário ter a convicção de que não se sabe. Ele inquiria, questionava, refutava, ironizava, fazendo com que seu ouvinte fosse convencido de sua ignorância. Devido a esse processo maiêutico utilizado por Sócrates, ele foi condenado, por juízes conservadores, a ingerir a venenosa amina cicuta. Foi um homem que viveu e morreu pela Filosofia, um vulto na história da humanidade que jamais pode ser esquecido. Os ensinamentos de Sócrates são fundamentais no panorama de avaliar porque apesar desse tão fascinante Universo, alguns ainda acreditam que esses planetas só servem para os astrônomos terem com o que se ocupar.
Aristóteles, um discípulo de Platão (428 a.C – 347 a.C), acreditava que há uma essência em cada conceito, algo que é eterno, este pensamento delimita a metafísica. A metafísica investiga aquilo que é ou existe, distinguindo entre ser e parecer, ou entre realidade e aparência. A humanidade necessita da metafísica para compreender as verdades do Universo, de que tanto a Ufologia é ávida.
  Para Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) a vida poderia surgir da matéria inanimada, ele defendeu a abiogênese, sem saber ele lançou uma maldição no meio científico por quase 2000 mil anos, e só em 1864 o químico Pasteur provou que a vida surge sempre a partir de outra forma de vida semelhante, e não de matéria inorgânica. Ainda, o astrônomo Ptolomeu (87 – 151), afirmou que a Terra era o centro do Universo, fazendo que por  muitos séculos não se tivesse conhecimento da realidade, somente com o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473 – 1543) se descobriu à verdade, que lançou a teoria Heliocêntrica, posteriormente foi comprovada por Galileu, Kepler e Newton. Observando esses fatos ocorridos em nosso planeta, indago-me: quantos anos mais serão necessários para que a humanidade tenha certeza da existência de vida extraterrestre?
Não estou supondo se há ou não vida extraterrestre, se eles são ou não mais inteligentes que os terráqueos; mas sim confirmando que elementos alienígenas, superiores aos humanos, visitam a Terra há milênios. Com qual certeza afirmo isso? Com a mesma certeza que o alemão Albert Einstein tinha dá existência do átomo, mesmo sem ele nunca o ter visto.
Para os incrédulos, céticos e dogmáticos da Filosofia e Ufologia, utilizo-me de um pensamento do célebre filósofo psicanalista Sigmund Freud (1865-1939):
“Não tenho coragem de me erguer diante de meus semelhantes como um profeta e aceito a censura de que não posso oferecer-lhe consolo”.

Saulo Soares, 18 anos, é ufólogo pesquisador da União de Pesquisas Ufológicas do Piauí (UPUPI), acadêmico de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), acadêmico de graduação em Medicina pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI).

Contato por e-mail: saulo_soares@msn.com

Janeiro/2006